Sincero Pedro Liasch Filho
Sincero, é uma palavra latina que deve figurar no vocabulário de todo o cristão. Quem a teria inventado? Foram os romanos. Sincero vem do velho latim. Eis a poética e tranqüila viagem que fez o termo sincero para vir de Roma até chegar à letra S dos nossos bons dicionários.
Os romanos fabricavam certos vasos de uma cera especial. Essa cera era às vezes tão pura e perfeita que os vasos se tornavam transparentes. Em alguns casos chegava-se a distinguir um objeto (um colar, uma pulseira ou um dado) que estivesse colocado no interior do vaso.
Para o vaso, assim fino e límpido, dizia o romano vaidoso: Como é lindo! Parece até que não tem cera! É um vaso sine cera! Sine cera queria dizer — sem cera! Sine cera, portanto, era uma certa qualidade de vaso perfeito, finíssimo, delicado, que se deixava ver através de suas paredes.
Da antiga cerâmica romana o vocábulo sincero passou a ter uma significação muito mais elevada. Sincero é aquele que é franco, leal, verdadeiro, transparente; que não usa disfarce, malícia ou dissimulação. Aquele que é sincero, à semelhança do vaso romano, deixa-se ver através de suas palavras, os nobres sentimentos de seu coração. Assim como os preciosos vasos romanos, o crente deve ser sincero.
“Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade” (Sl 145.18).
“Porque o perverso é abominável ao Senhor, mas com os sinceros ele tem intimidade” (Pv 3.32).
“Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo...” (Fp 2.15).
“... Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro...” (1Pe 1.22).
Adaptado das Lendas do céu e da terra, Malba Tahan, Editora Record, 2001. |