Era uma tarde ensolarada de uma pequena cidade da Europa Central. O administrador do cemitério local notou que uma jovem triste, chorando silenciosamente, estava em pé e de cabeça abaixada diante de uma sepultura, em cuja lousa tumular estava inscrito o nome de alguém. Em seguida, abaixando-se, colocou uma coroa de flores sobre a tumba fria e foi se retirando.
Curioso, o administrador aproximou-se e perguntou-lhe de quem era a lápide, sobre a qual ela estava chorando. Era do seu pai? Da sua mãe? Do seu irmão? Do seu namorado? Ela respondeu: Não, não é do meu pai, nem da minha mãe, nem do meu irmão, nem do meu namorado. E prosseguindo, ainda com lágrimas nos olhos, disse-lhe a jovem: É do homem que, em sacrifício, se ofereceu para me salvar de um terrível incêndio há 20 anos atrás. Na verdade, ele morreu por mim.
Tudo aconteceu quando a casa, onde residia com a mãe, viúva, pegou fogo. Quando irrompeu o incêndio, a menina estava dormindo sozinha, uma vez que a mãe tinha saído para fazer compras. Avisados pelos vizinhos, enquanto as labaredas consumiam tudo quanto era inflamável, os bombeiros chegaram e começaram a combater o fogo, como sempre o faziam, heroicamente.
No entanto, em meio a todo aquele alvoroço, aparece a pobre mãe, em gritos, já desesperada, chamando pela filha, tentando penetrar a casa em chamas, a fim de salvá-la. Impedindo-a, porém, o comandante dos bombeiros disse-lhe que se entrasse na casa naquelas circunstâncias, seria morte certa.
No mesmo instante, apareceu um soldado pedindo permissão para entrar e procurar a criança, mas também foi impedido pelo capitão. Ainda assim, o bravo soldado do fogo, replicando, perguntou-lhe: Eu também tenho uma pequena menina em casa. Se fosse ela que agora estivesse lá dentro em perigo de vida, eu não poderia tentar salvá-la? Como não obteve resposta negativa, o soldado lançou-se para dentro da casa em chamas, e foi procurar a garotinha.
Com efeito, correndo um grande risco de vida, subindo pelo que ainda restava da escada em labaredas, o bombeiro encontrou a menina que acabava de acordar, assustada e chorando, já quase sufocada pela fumaça. Enquanto, porém, a retirava do berço, protegendo-a sob seus braços fortes, eles ouviram um estrondo. Era a escada que, consumida pelo fogo, acabava de desabar, impedindo que o heróico soldado pudesse descer, vindo assim a salvar a criança.
Indo para o outro quarto, a fim de tentar escapar por uma janela que se encontrava aberta, percebeu que seria isso impossível, uma vez que dos armários, camas e colchões formava uma grande labareda, impedindo-os de chegar à janela. Desesperado, ele procurou outras saídas, mas não encontrou.
Voltando-se, porém, para o quarto em chamas, o soldado gritou para os companheiros com grande voz: Soldados, vocês estão me ouvindo? Tendo obtido resposta positiva, ele gritou de novo: Estendam a rede próximo da janela, por onde eu lançarei a menina. Ouviram? Eles disseram que sim e prepararam a rede como tinha o bombeiro pedido.
Logo em seguida, gritaram: Estamos prontos. Por fim, o soldado, com grande esforço, jogou a menina, fazendo-a voar pela janela. Preparados do outro lado, abaixo, estavam os bombeiros que, para a alegria de todos, a recolheram com total segurança. A mãe da criança e todos os presentes, emocionados, chorando, diziam: Ela está salva.
A alegria, porém, durou pouco, uma vez que, desmoronando-se a casa em chamas, o bombeiro, herói e salvador, ficou sepultado sob os destroços flamejantes. Nada mais podiam fazer. Ele morreu para salvar a menina.
É compreensível que alguém possa demonstrar uma tão grande gratidão, como o fez aquela jovem a respeito do bombeiro que fora o seu salvador, libertando-a do fogo e da morte. Nada mais justo do que tão sincera homenagem.
E quanto a nós? Reconhecemos também com a mesma, senão, aliás, com maior gratidão àquele que, numa rude cruz, há mais de dois mil anos, morreu por nós? Na verdade, Jesus morreu pelos pecados, uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus (1Pe 3.18). O profeta Isaias diz que ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades, pois o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados (Is 53.5).
A Bíblia diz também que devemos dar graças ao Pai, que nos tornou dignos de participar da herança dos santos. Pois nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos o perdão dos pecados (Cl 1.13, 14).
E mais: Deus prova o seu amor para conosco, pelo fato de haver Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8). Pois ele se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras (Tt 2.14).
Apodere-se, pois, hoje mesmo dessa gloriosa salvação confessando seus pecados e consagrando sua vida a Jesus. Está escrito que se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (1Jo 1.9).
Adaptado de uma publicação de A. J. Oscar Ott, 1960.